Wednesday, December 03, 2008

Um fado qualquer

Acabamo-nos ontem num amor cego

E, em lugar algum,

Este meu coração seco

Baterá novamente.

Leve morte no lentamente,

No acabar da insónia

E no despertar do sono

De um fado qualquer.


Gritamo-nos na surdez

Do escuro num último folgo

E num chorar de cansaço

Disse-te adeus.

Saturday, August 16, 2008

Alucinação

Amar-te é ser-se teu
No limiar da madrugada.
Meu amor, ter-te é doer-me
Por dentro e no haver,
Porque fria se escalda a paixão
No medo de te perder.

Amar-te é embriagar-me
Para a dor não sentir.
E se a sinto é pura aparência,
Simples alucinação na loucura
Pois ouço-nos a nós,
Só a nós, meu amor.

Sunday, June 01, 2008

Sem dom da palavra

Cada palavra se diz
Em nada e em tudo.
Cada gesto se fala calado
Quieto e mudo.

Eu digo-te cantando-te
Em cada verso surdo,
Em cada esquina de corpo,
Em cada grito a menos
Quando a boca me tapas.

Ouço-te e calo-me
Porque de ti vem a paixão,
Mulher e Musa de samba,
Triste de solidão.