Tuesday, August 29, 2006

Ir apenas

Ir para fora dentro de mim,
Estar longe aquando o perto,
Ser o centro da curva,
Acelerar na recta do fim.

Ser-se frágil aquando forte,
Ser-se forte aquando inútil,
Para sempre e para nada

Na madrugada da vida.

Saturday, August 05, 2006

Horas paradas

Sempre que o relógio me cativar me lembrarei de ti, meu amor, em todos os momentos em que contamos os minutos para a morte. Seremos sempre os amantes finitos pelo tempo com toda a dor pelas horas, sempre as horas. Sempre que o cronómetro parar antes da meta, irei correr ferozmente para ganhar e chegar em primeiro, pois sem tempo os corpos se conservam e a decomposição afectará apenas o interior de nós num destruir abstracto, de aparência apenas... Os ponteiros entre nós sempre se congelaram porque o tempo, o nosso tempo, era maior... Enganamo-nos tanto, mentimo-nos perante o mundo, perante as horas, perante o relógio que teima em não parar. Enganamos a morte, ou melhor fingimos que a enganamos, mas não, quem perdeu foi o corpo só que éramos.