Sede
A minha sede não é
somente de não,
É de sensação
exclusiva e ser profundo,
Erguer-me por dentro
de um buraco sem fundo
E dizer-me gritando,
mais, mais e mais.
Ser-me imaterial e
viver,
Esculpindo
caprichosamente todo o sentimento,
Decifrar o núcleo de
cada sensação,
Embriagar-me porque
sim ou porque não!
Lavra-me a multidão
as terras,
Fazem-me a cama,
O ser e o não ser,
E quando dou por mim
já outros me fizeram.
E fugindo nego-me
E canto sem paixão,
Mas no vosso leito,
Murcho e sem tesão,
Adormeço, sou da escuridão.
Quero ser eu,
Inventar-me e ser
autêntico,
Aquele com mais
aquele,
Meu e o teu sem ser
teu,
Eu sem ser meu,
Mas quando abro os
olhos,
Ganzado sem drogas,
O vento sopra e tudo
já foi.