No avesso
Hoje semeei-me
E nasci no poema
Para que o nada exista.
E de madrugada
Cada passo era teu,
Letra a letra,
Dor a dor.
Hoje semeei-me
E morri ontem
Para que, amanhã, se perpetue a vida
Em forma de verso convexo.
E bailavas no avesso de mim,
Escurecendo-me a palavra
Por longe sermos nós.
E pisavas o centro do fim,
Para que escuros sejamos sós.