
Deixar-me ir sem corpo de carne solta nos dentes, na pele. Deixar-me ir quebrando ossos com fome de cão. Ir apenas. Com fome. Querer mais sem saber o quê, se eu, se tu. Se nós. Esvoaçar-me de braços ao vento e pensar que mais me falta e mais morderei de unhas cerradas. Querer por mais. Mais. Mais eu. Quando e onde não sei, apenas que me levar a mim para longe. Para mim de volta. Sim, de volta para mim. Para longe. Para a eternidade. Canto-te vida na boca áspera de tanto gritar por ti, sem ter dedos que te agarre, te prenda ao colo, ao útero virgem do coração. Deixar-me ir. Deixar-me ir. Deixar-me ir para ti. Para mim. Simplesmente o querer, o querer o desejo de mais.