Horas paradasSempre que o relógio me cativar me lembrarei de ti, meu amor, em todos os momentos em que contamos os minutos para a morte. Seremos sempre os amantes finitos pelo tempo com toda a dor pelas horas, sempre as horas. Sempre que o cronómetro parar antes da meta, irei correr ferozmente para ganhar e chegar em primeiro, pois sem tempo os corpos se conservam e a decomposição afectará apenas o interior de nós num destruir abstracto, de aparência apenas... Os ponteiros entre nós sempre se congelaram porque o tempo, o nosso tempo, era maior... Enganamo-nos tanto, mentimo-nos perante o mundo, perante as horas, perante o relógio que teima em não parar. Enganamos a morte, ou melhor fingimos que a enganamos, mas não, quem perdeu foi o corpo só que éramos.