Friday, June 13, 2014

Arrepia quando sem um tu
Não pode haver um eu,
O pronome pessoal passa então
A perder a sua individualidade
Como se a carne ganha-se espinhas,
Como se as putas ganhassem castidade,
Como se os pântanos ganhassem terras,
E a terra áspera no céu nascesse,
Como se no teu funeral fosse eu que morresse!

Assim como apenas existe
O olhar de cobiça junto do olhar terno,
Existe o meu demónio junto do teu anjo,
Uma barraca de lata junto a um castelo
E ainda existe, a ideia que persiste,
Uma força invencível na unidade como um sismo,
Galopando forte e vil na fronteira,
Sempre correndo no linear do abismo,
Onde caem pedaços de corpos mas de alma inteira!

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